O tabuleiro político paraibano está mais embaralhado do que nunca. A formação da chapa majoritária governamental, que se esperava alinhada e estratégica, transformou-se em um verdadeiro nó, desafiando os caciques locais a encontrar um fio solto para puxar. No centro do furacão, os Progressistas (PP) vivem um debate interno digno de novela: de um lado, o vice-governador Lucas Ribeiro , que se coloca como candidato “natural” ao Palácio da Redenção; do outro, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena , que já percorre o estado testando sua popularidade e acenando para os correligionários como quem diz: “agora ou nunca”.
Cícero, o 'Caboclinho', sabe que esta pode ser sua última cartada para concretizar o sonho de governar a Paraíba. Aos 67 anos, com uma reeleição robusta nas costas, ele caminha pelo interior do Estado como quem marca território, enquanto Lucas Ribeiro, representante de uma nova geração, prepara o terreno nos bastidores, munido de uma equipe de comunicação afiada e estratégias publicitárias de campanha grande. Não se enganem: a disputa fratricida no Progressistas é mais que uma divergência de projetos — é uma guerra fria, com sorrisos para as câmeras e articulações intensas nos bastidores.
O PSB e a posição confortável de João Azevêdo
O governador João Azevêdo , esse sim, parece ter lido Maquiavel com atenção. Ao lavar as mãos publicamente sobre o imbróglio dos Progressistas, Azevêdo se consolida, cada vez mais, como pré-candidato ao Senado Federal. Ele se coloca em um pedestal estratégico, olhando de camarote ao duelo. “O problema é dos Progressistas, e não do PSB”, disparou o socialista em entrevista ao programa do amigo Heron Cid , enquanto o PP se fragmenta entre os sonhos do veterano cacique e as ambições dos jovens herdeiros políticos.
A realidade é que, quanto mais tempo os Progressistas permanecerem “brigando”, menos tempo terá para articular uma candidatura unificada e competitiva. E, claro, os outros partidos aliados, leia-se PSB e Republicanos, buscam seus espaços diante dessa fogueira de vaidades.
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Republicanos: Fiel da balança?
Engana-se quem pensa que o PP e o PSB podem dormir em berço esplêndido. Os Republicanos têm dado sinais claros de que não aceitam figurar como coadjuvante no roteiro traçado por Azevêdo e os irmãos Ribeiro. Hugo Motta e Adriano Galdino , como principais lideranças do partido, fazem questão de mostrar o que querem mais do que tapinhas nas costas e fotos protocolares em solenidades. “Ou somos cabeça de chapa, ou o jogo muda”, dizem nas entrelinhas.
E quando o Republicanos fala em mudar o jogo, os corredores da base governista se agitam. Um possível rompimento com o PSB poderia abrir caminho para a oposição, que, por ora, observa à distância, torcendo por cada fagulha de discórdia que se alastra pela base governista.
A Oposição de olho
Pedro Cunha Lima (PSD), Efraim Filho (União Brasil) e companhia limitada assistem à trama como espectadores de um bom filme de suspense. Para eles, a crise no Progressistas e a insatisfação latente no Republicanos são sinais de que a muralha governista pode começar a rachar. E, em política, toda rachadura é um convite para infiltração.
Prova disso é que já se observa os líderes da oposição enfileirando seus tanques rumo a 2026, com um discurso de unidade em contraponto ao festival de vaidades governista.
Caciques juntos em Nova York
Em meio a esse caldeirão fervente, um jantar em Nova York reuniu os principais personagens dessa ópera política: Mersinho Lucena (PP), filho de Cícero, ao lado de Aguinaldo e Daniella Ribeiro, tio e mãe de Lucas. À mesa, além dos brindes e risos formais, muita discussão política. Não houve declarações públicas, mas bastou um brinde para que os analistas políticos especulassem: seria um armistício ou apenas o ensaio para o confronto final?
Enquanto isso, João Azevêdo segue à margem, observando as movimentações com a calma de quem tem a chave do jogo nas mãos — ou de quem já decidiu o lado em que vai se apoiar: o seu próprio. Sua movimentação política, programada para abril de 2026 — quando decidirá se permanece no Governo ou se disputará o Senado —, definirá os rumos da chapa governista.
Por fim, quem vai desatar esse Nó?
Lucas Ribeiro e Cícero Lucena encontrarão um caminho de unidade? O Republicanos será devidamente contemplado para permanecer firme na aliança? Ou a oposição, estratégica e paciente, vai colher os frutos da discórdia plantada no seio governista?
A Paraíba assiste ao desenrolar dessa trama com um misto de expectativa e ironia. De uma coisa podemos ter certeza: os próximos capítulos serão escritos com sangue político e tinta de poder. Que comecem os jogos.