As recentes movimentações do deputado federal Cabo Gilberto Silva (PL-PB) têm causado desconforto e acirrado os ânimos dentro do Partido Liberal na Paraíba. O parlamentar, que tem se aproximado de prefeitos ligados ao governador João Azevêdo (PSB) e ao prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), vem sendo duramente criticado por antigos aliados e setores mais alinhados ao bolsonarismo no estado.
A crise se tornou pública após o deputado estadual Wallber Virgolino, também do PL e ex-aliado de Cabo Gilberto, publicar um vídeo nas redes sociais denunciando o que chamou de "traição ao bolsonarismo". Para Virgolino, Gilberto estaria rompendo com os princípios que o elegeram e flertando com adversários políticos históricos da direita paraibana, num gesto interpretado como desespero por reeleição.
“Gilberto foi eleito com o voto do conservador, do bolsonarista. Quando se associa a Cícero Lucena, André Coutinho ou Vitor Hugo, está se afastando dos nossos princípios. Isso é falta de lealdade com quem lhe deu o mandato”, criticou Wallber.
A postura de Cabo Gilberto, segundo fontes do próprio partido, tem gerado ruído especialmente entre os militantes mais fiéis ao ex-presidente Jair Bolsonaro e aos princípios da direita ideológica. O parlamentar, que já foi um dos principais nomes do bolsonarismo na Paraíba, agora enfrenta resistência dentro do próprio grupo que o alçou ao Congresso.
O que mais chama a atenção, porém, é o silêncio do presidente estadual do PL, o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga. A ausência de uma posição clara sobre os movimentos de Gilberto tem incomodado aliados e lideranças conservadoras no estado, que esperavam uma atuação mais firme do dirigente partidário.
Nos bastidores, cresce o questionamento sobre a capacidade de Queiroga de liderar o partido rumo às eleições de 2026. A percepção de omissão e a falta de articulação política têm levantado dúvidas sobre seu preparo para comandar não apenas a sigla, mas também sobre suas pretensões de disputar o Governo do Estado.
“Comandar um partido que afunda a cada dia é uma coisa. Governar a Paraíba, com o estilo arrogante e despreparado que ele apresenta, é outra bem diferente”, comentou um aliado do grupo conservador que preferiu não se identificar.
A tensão dentro do PL expõe uma disputa de rumos entre o pragmatismo político de parte da bancada e a fidelidade ideológica exigida pelos segmentos mais radicais do bolsonarismo. O partido, que já foi símbolo da direita unificada na Paraíba, agora parece dividido entre os que buscam alianças amplas e os que exigem pureza ideológica na atuação política.
Enquanto isso, a oposição observa. E a base governista assiste, em silêncio, o racha que se desenha dentro do principal partido conservador do estado.